Resumo do livro: Cordéis e Outros Poemas, de Patativa do Assaré - Poesia
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A obra Cordéis e outros poemas se constitui de 15 cordéis e 2 poemas onde, do ponto de vista estrutural, predominam as sextilhas e as décimas, ambas com versos de 7 sílabas poéticas (redondilha maior).
Antônio Gonçalves da Silva conseguiu um feito inédito: sua poesia sertaneja, vazada em versos tradicionais, saiu dos folhetos de feira para seduzir estudiosos e pesquisadores em universidades do Brasil e de outros países. Agricultor como foram seus pais, desde novo deu mostras de inteligência vibrante, com uma enorme capacidade de traduzir em versos tanto as coisas do cotidiano, a vida no campo, o belo da natureza, como também desnudou a apartação social, a falta de trabalho e terra, os desmantelos políticos, e cantou a verdade, a solidariedade e a justiça. Estava com 20 anos quando foi cantar à viola seus versos em Belém do Pará. Lá, ganhou o apelido com que seria conhecido, a partir de então: Patativa do Assaré. Patativa nasceu em 1909, lá na serra de Santana, em Assaré, e morreu em 2002. Sua arte começou a extrapolar as fronteiras do Ceará ainda na década de 50, quando sai publicado, pela Borsói do Rio de Janeiro, o livro Inspiração Nordestina. Mas foi com Cante lá que eu canto cá (editado pela Vozes, em 1974) que a força de sua lírica seduziria também as novas gerações dos grandes centros urbanos. Ispinho e fulô, publicado em 1983, aqui mesmo em Fortaleza, completaria a trilogia fundamental para se compreender a obra do artista. De quantos foram encantados por sua maestria, destaca-se o escritor, professor e pesquisador Gilmar de Carvalho, que organizou o volume Cordéis e outros poemas, editado pela UFC e um dos dez livros indicados ao próximo vestibular. A capa do livro é uma bela xilogravura de João Pedro do Juazeiro, Vaqueiros, que pertence ao acervo do Museu de Arte da UFC - Mauc.
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Organizado por Gilmar de Carvalho, Cordéis e outros poemas é uma coletânea da obra de Antônio Gonçalves da Silva, o "Patativa do Assaré", publicada pela editora da Universidade Federal do Ceará. A diferença reside na inclusão de dois poemas - "Cante lá, que eu canto cá" e "A terra é naturá" -, a ausência do cordel "História de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa" e dos textos introdutórios.É um livro que tematiza a literatura popular, o universo dos livros vendidos em feiras pelo interior do Brasil."Cordel", etmologicamente, deriva de "cordão", mecanismo através do qual os poetas populares penduravam em feiras, seus livretos, para atingir o público consumidor.Literatura de cordel é uma poesia folclórica e popular com raízes no Nordeste brasileiro. Consiste basicamente em longos poemas narrativos chamados "romances" ou "histórias", impressos em folhetim ou panfletos de 32 ou, raramente, 64 páginas, que falam de amores, sofrimentos ou aventuras, num discurso heróico de ficção.Em Cordéis e outros poemas, podemos observar textos de natureza dissertativa, reflexiva, ampliando o conceito tradicional que diz que "cordel é poema em forma de narração". Isso mostra a versatilidade de Patativa do Assaré.O autor muitas vezes reflete, analisa, discute acerca das dificuldades de vida do homem sertanejo.Seus temas também são ampliados, variados, indo além do conceito clássico de que "cordel fala de amor, sofirmento ou aventura". Patativa, com sua profunda consciência social, também tematizou a desigualdade do Nordeste, os conflitos de terra, os problemas envolvendo o latifúndio, a profunda religiosidade e o misticismo do homem simples do sertão do Brasil.Portanto, os aspectos temáticos da obra são: a pobreza e o sofrimento do sertanejo, a felicidade e o infortúnio, o bem e o mal, o sertão e a cidade, o latifúndio e o agregado, o retirante, o social e o político, a ética e a honestidade, o perdão e a grandeza, a fé em Deus e na religião (Patativa sempre, como todo sertanejo, foi um homem de muita fé).Patativa sempre viu a necessidade de justiça e de igualdade. Foi um poeta social voltado para a observação do universo e mazelas do homem simples.O livro começa com um dos poemas mais famosos de Patativa, gravado por Luiz Gonzaga - A triste partida. O poeta narra o sofrimento de uma pequena família sertaneja, que migra para o sul por causa de uma seca brutal. Deixam para trás a casinha, o sertão, os bichinhos de criação, e partem num pau-de-arara, com o sonho de um dia voltar. Mas a realidade é outra. Na cidade grande, só encontram mais dificuldades e sofrimentos: "O pai de família/ ali vive preso/ sofrendo desprezo/ e devendo ao patrão/ o tempo passando/ vai dia e vem dia/ e aquela família/ não volta mais não". Não tem quem fique de olhos secos ao ouvir esta toada. O segundo cordel selecionado foi feito por encomenda. Patativa do Assaré foi convidado pela Arquidiocese de Olinda e Recife - na pessoa do próprio cardeal, dom Hélder Câmara - para contar, em versos populares, o assassinato de um jovem padre ligado à Teologia da Libertação. Resultou no folheto O Padre Henrique e o Dragão da Maldade. Ele começa fazendo sua apresentação, "sou um poeta do mato", e diz que canta a natureza, a vida rural, as festas e costumes, mas também eleva seu canto aos "injustiçados/ que vagam no mundo afora". O padre Antônio Henrique tinha apenas 29 anos quando foi morto pelas forças da repressão, no dia 27 de maio de 1969. No folheto, Patativa também cita a prisão do estudante Cajá. E insere, no poema, versos de um de seus poetas prediletos, Castro Alves, do poema O Navio Negreiro. O folheto História de Abílio e seu cachorro Jupi faz parte de uma antiga tradição poética ibérica, em que o herói passa por muitos sofrimentos até ganhar a recompensa por sua bondade ou coragem, além de louvar a fidelidade dos animais. Certo senhor tinha três filhos, Grigório, João e o caçula, Abílio, que ganhou de seu padrinho o cachorro Jupi. Quando o pai morre, os irmãos, enciumados, amarram o cão fiel e levam o irmão para um passeio no mato, e lá o abandonam. Mas o cão foge e vai se encontrar com o dono. O menino e seu cão vivem numa caverna, protegidos por Nossa Senhora, até que um dia, adulto, ele vai embora, conhece uma velha senhora que lhe deixa a fortuna de herança. Casa-se com uma moça pobre, que tem duas irmãs. Um dia, dois maltrapilhos vagabundos chegam em sua casa. Contam seu drama, que abandonaram um irmãozinho assim-assim, foram presos, acusados por seu sumiço, e agora vagam pelo mundo, arrependidos. Abílio se dá a conhecer, perdoa os manos, e os acolhe. Devoto do Padre Cícero Romão, Patativa dedicou à cidade que ele fundou o folheto Saudação ao Juazeiro do Norte. As romarias, a fé e os milagres do Padrinho dão a tônica ao poema. Já As façanhas de João Mole é um folheto entre o cômico e o moralista. O tal João apanhava todo dia da mulher, Zizi, e da sogra, Josefa, "a pantera e a serpente". Até que um dia, cansado de ser João Mole, revida cada pancada que recebeu e amansa as duas megeras: "depois de dar muitas pisas/ da praia até o sertão", João Mole vira cangaceiro do bando de Lampião. Em O Meu Livro, Patativa assume a personagem Chico Braúna, um "pobre de nascença/ deserdado da fortuna", mas que aprendeu tudo o que sabe no grande livro da natureza. Outro folheto de cunho moralizante é Vicença e Sofia ou o castigo de mamãe. Romeu se apaixona pela Vicença, "preta da cor do carvão", para desgosto de sua mãe, que é toda cheia de mimos e paparicos com a outra nora, Sofia, "a mais bonita que havia/ praquelas banda de lá". É a própria sogra quem pega Sofia traindo o marido. Daí em diante se convence que a cor da pele não tem a menor importância, porque "gente preta e gente branca/ tudo é de Nosso Senhor". Gilmar de Carvalho também incluiu nesta seleta um dos mais belos poemas de Patativa, Antônio Conselheiro, no qual ele conta a história do profeta de Quixeramobim e líder de Canudos. O cordel Emigração retoma o tema do sertanejo pobre sonhando uma vida melhor na cidade grande. E encontrando, além da fome que já trazia, um mundo hostil e pronto para levar ao crime as crianças que vagam nas ruas. A solução, o poeta diz qual seja - “bom conforto e boa escola/ um lápis e o caderno”. Já o folheto O Doutor Raiz desnuda a farsa dos raizeiros, fazedores de beberagens com que, sem o conhecimento verdadeiro das ervas, buscam ludibriar os sertanejos com promessas de curas maravilhosas. Um dos mais incríveis folhetos de Patativa, que também se vale de motivos ibéricos, é a história de Brosogó, Militão e o Diabo. Outro folheto que também desnuda o descaso com os nordestinos, enfrentando, além de todos os problemas, as constantes ameaças da seca, em ABC do Nordeste Flagelado. Finalizando o livro, dois poemas - o clássico Cante lá que eu canto cá e o belo A terra é naturá.
A obra Cordéis e outros poemas se constitui de 15 cordéis e 2 poemas onde, do ponto de vista estrutural, predominam as sextilhas e as décimas, ambas com versos de 7 sílabas poéticas (redondilha maior).
Observações:
Sextilhas = 6 versos que apresentam rimas nos versos pares.
Redondilha maior = Versos de 7 sílabas poéticas.
3 Comentários:
Às 18 de setembro de 2010 às 16:24 , Anônimo disse...
como faço pra baixar o resumo ou até mesmo livro : Inspiração Nordestina (segunda parte) – Antonio Gonçalves da Silva
(Patativa do Assaré)? Aguardo respostas. Muito obrigada
Às 6 de abril de 2011 às 17:17 , Anônimo disse...
você não precisa baixar os livros.
esta tudo no Google books,você pode ler OnLine.
Às 11 de abril de 2012 às 20:43 , Anônimo disse...
bota por favor o link ai do livro eu já pesquisei pra...caramba mas não axei...please!!!???
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