Resumo de Livros - Vestibular 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Resumo do livro Aves de Arribação de Antônio Sales



Conheça mais sobre o Autor
Antônio Sales nasceu a 13 de junho de 1868, na pequena localidade de Parazinho, município de Paracuru, no Ceará. Trabalhou desde muito jovem, primeiramente no comércio de Fortaleza, cidade que adotou ainda garoto, aos quatorze anos. Tornou-se autodidata, quando teve que abandonar os estudos colegiais por sua família não dispor de recursos. Tranqüilo, mas de espírito inovador, começou a publicar alguns poemas em jornais da província cearense, tendo colaborado com algumas poesias no jornal A Quinzena, órgão de divulgação da agremiação literária Clube Literário. Em 1890 lança sua primeira obra: Versos Diversos. A partir de então não pôde mais parar. Dois anos depois ele idealiza e organiza uma agremiação literária, talvez a de maior reconhecimento nacional e a mais renovadora das letras cearenses: A Padaria Espiritual.Mais conhecido pelo seu romance regionalista Aves de Arribação, de 1914, Antônio Sales foi também historiador literário, poeta e idealizou e projetou, nacionalmente, a Padaria Espiritual, da qual era o seu padeiro-mor.
Antônio Sales estudou as primeiras letras na terra natal e na cidade de Soure (Caucaia), mas teve que parar, para enfrentar a dura vida do comércio, em Fortaleza, quando apenas tinha 14 anos de idade. Pai cego, família pobre, o poeta passou oito anos nesse trabalho, mas em 1888 conseguiu a nomeação para um cargo da Intendência de Socorros Públicos de Fortaleza.Entrando para a política, alcançou importantes cargos, ao lado de sua atividade jornalística e literária, o que deu na Padaria Espiritual. Irrequieto, insatisfeito, Antônio Sales parte para o Rio de janeiro (1897) e vai trabalhar no Tesouro Nacional e no Correio da Manhã, recém-fundado. Participou de rodas intelectuais no Rio e chegou a conviver com os fundadores da Academia Brasileira de Letras, mas não quis candidatar-se a uma cadeira.Em 1920 está de volta ao Ceará, onde chega bafejado pelo sucesso do lançamento de Minha Terra. Dois anos depois contribui para a reorganização da Academia Cearense de Letras. Morava em Jacarecanga, em casa modesta, onde morre no dia 14 de novembro de 1940.
OBRAS:
Versos Diversos – 1890(poesia); A Política é a mesma – 1891(teatro); Trovas do Norte(poesia) – 1895; Poesia – 1902; O Babaquara – 1912(História política do Ceará); Aves de Arribação – 1914; As Leituras(Palestra) – 1918; Panteon(poesia) – 1919; Minha Terra (poesia) – 1919; O Matapau(teatro) – 1931; Retratos e Lembranças(memórias) – 1938; Águas Passadas(poesia) obra póstuma; Fábulas Brasileiras – obra póstuma; Estrada de Damasco – romance que o poeta deixou inacabado.
RESUMO DO LIVRO

Ipuçaba encontra-se festiva. Todos esperam a chegada do novo promotor de justiça: Alípio Flávio de Campos, sobrinho do novo vigário da cidade. Padre Balbino substituíra Serrão, um padre desprovido de valores evangélicos; mais preocupado com a política local e com os benefícios da igreja do que com os paroquianos. Deste modo, Pe. Serrão envolvera-se politicamente com João Ferreira, chefe do Partido Conservador. Chefia conquistada por meios ilícitos.João Ferreira ao chegar a Ipuçaba, não passava de um rapaz magro, imberbe e miserável. Aos poucos conquista a amizade do Major José Herculano, este, encantado com a disposição do jovem, proporciona-lhe crédito na praça e dinheiro para que João Ferreira pudesse estabelecer-se comercialmente na cidade.Mesmo com o comércio crescendo, J. Ferreira, tempos depois, declara-se falido. E com isso o Major é obrigado a pagar a conta. Não tarda e descobre-se que a falência de João Ferreira não passava de uma fraude e ele vai parar na prisão. Depois de um ano preso, João Ferreira retorna à Ipuçaba cheio de ódio e com um grande carregamento de mercadorias, junte-se a isso a nomeação de delegado e a credencial de chefe do Partido Conservador.Padre Serrão dominado pela ambição tornou-se logo aliado político de João Ferreira o qual cada vez mais via seu poder político crescer. Com a proclamação da república, J. Ferreira declara-se monarquista e o mesmo é destituído do poder. Pouco depois morre Padre Serrão, deixando seu rico legado ao seu sobrinho, José Serrão.Padre Balbino, diferente de seu antecessor, não tinha vocação para a política, evitando relações com João Ferreira, no entanto se aproximava de Chico Herculano, filho do Major, e encarregado de juntar “elementos para o novo partido filiado ao Centro Republicano”.É comum, dentro da obra, a representação de costumes tipicamente cearenses. Um desses é a roda de palestra ao final das tardes. Através dessa tentativa de representar os costumes locais temos uma das principais características da obra que é o tom costumbrista. Outro ponto importante é a sempre veiculação, na apresentação da personagem, à sua profissão. Teremos na primeira roda de conversa, além do Padre Balbino, o bodegueiro Lucas, o coletor Asclepíades Orestes de Aconcágua Pinto, o escrivão Casimiro e o professor Agrela. Todos jogam Gamão e conversa fora, um velho entretenimento interiorano.A narrativa prossegue e temos em seguida um perfil do nosso protagonista: Alípio Flávio de Campos. Fica claro o caráter boêmio do promotor. Quando na faculdade de Direito, em Recife, dedicando-se à rodas literárias e à vida noturna, além de polemizar em jornais. Com a morte do pai, seu tio, Balbino, assumiu a tutela e passou a cobrá-lo, ameaçando cortar mesada se ele não se formasse. Aos vinte e quatro anos, Alípio se diploma. O tio arranja-lhe logo o convite para que ele assumisse a promotoria da comarca de Ipuçaba.Por conseguinte a sua chegada, temos o padre Balbino preocupado com os preparativos para a recepção de seu sobrinho. O padre conta com a ajuda de Chico Herculano e os cidadãos próximos ao padre.O promotor chega por volta do meio-dia sob o olhar curioso de toda a cidade. Ao apear o cavalo é recebido com “vivas”. Inicia-se um almoço seguido da apresentação dos íncolas de Ipuçaba ao ilustre promotor. Do almoço encarregou-se Asclepíades, uma vez o vigário não dispunha de espaço nem de pessoas para realizá-lo. O jantar ficou por conta do Major José Herculano que preparava um jantar dançante para todos os convidados. Após o jantar, com a sala cheia de moças e rapazes, a banda toca uma quadrilha para que todos dançassem.Aesta altura, Alípio já havia conhecido Florzinha, filha do Coletor Asclepíades e passa a conhecer Bilinha, professora pública. A música segue e Alípio dança a primeira quadrilha com a professora “e no correr da festa, que acabou pela madrugada, ele levou a revezar as duas raparigas, experimentando sucessivamente as impressões diferentes que elas lhe davam... /... comparando-as, ora para deduzir uma preferência, ora fundindo-as para completar um tipo ideal de mulher, decidiu antes de adormecer que, faltando a uma requisitos possuídos pela outra, ele, como poeta e como homem, o que tinha a fazer era requestar a ambas.”Temos aqui o início do conflito central da obra, o triângulo amoroso formado por Alípio, Bilinha e Floriza.A estória prossegue, Alípio, que pensara que se entediaria numa cidade tão pequena e vulgar, oito dias depois de sua chegada, sente-se surpreso, pois já estava quase adaptado àquela vida; tinha hábitos sertanejos, acordava cedo, bebia leite mugido, tomava banho no rio, lia jornais enquanto merendava com o tio, depois do almoço, ia a fazer sua visitas. Destas, destaca-se as que ele fazia à casa do coletor e à casa de Maria Lina, mãe de Bilinha.O tempo passa e Alípio se faz amigo de Matias Araújo, um poeta sem sucesso que vivia as lamentações de sua pobreza (chegara até a pensar em suicídio). Matias afasta-se de Alípio quando percebe suas intenções para com a Florzinha, uma vez que Matias vertia puro e intenso sentimento.Alípio corteja as duas moças. Asclepíades vê em Alípio um possível genro bacharel, desejo que lhe invadia há tempos, e por isso ele não poupa esforços para realizá-lo. Florzinha detestava a idéia de ter Alípio como seu noivo, visto que ela se sentia atraída por Matias. Aqui podemos apontar a presença na narrativa um aspecto um tanto quanto romântico: o amor platônico, embora a obra seja realista de tendência regionalista.Delineia-se a narração e o bacharel com o pretexto da jogar víspora freqüenta quase todas as noites a casa de Bilinha, constância só interrompida quando D. Helena, mulher de Chico Herculano, adoece e Bilinha assume o cargo de enfermeira.Florzinha, quando lhe davam notícias do possível noivado da mesma com Alípio, ficava inquieta e chorava. Certa feita, Asclepíades chega a casa, junto a ele Alípio, para cearem; perguntam por Florzinha e D. Claudina, já percebendo o desapontamento da filha com a situação, desculpa-se dizendo que ela havia se retirado por estar com dor de cabeça. Ambos ficaram desapontados. Alípio chega a pensar sobre o possível envolvimento de Floriza com outro, uma vez que ele percebera certo distanciamento da moça, mas concluiu, galanteador que era, que tudo não passava de ciúme que Florzinha vertia por ele freqüentar constantemente a casa de Bilinha.Várias são as passagens em que o narrador descreve toda a beleza do sertão florido, chuvas em abundância e a fauna e a flora sertanejas espargindo-se do seio da terra. Durante o mês de abril, mês das águas mil, Capitão Galdino, tio de Florzinha, levava a sobrinha para uma temporada em sua fazenda na Varjota. A temporada na fazenda do tio surge como uma salvação para aquele momento inquietante por que passava Florzinha. Antes da ida de Florzinha, o narrador nos deixa sabedores dos boatos que circulavam na cidade sobre o triângulo amoroso que se configurava. Alípio continuava suas visitas, ficando até as vinte horas na casa de Florzinha e finalizava a noite em casa de Bilinha. Asclepíades toma conhecimento dos boatos, entretanto faz de conta que não sabia. O coletor procura uma forma para distanciar Bilinha de Alípio.A viagem de Florzinha ocorre mesmo a contragosto do pai, que queria a moça próxima do promotor.Depois da partida da menina, Alípio pensava sobre as atitudes dela, pensava sobre Bilinha e concluía que a sua predileção era pela professora, visto que esta “não pedia nada e podia conceder tudo”.As visitas à casa de Bilinha recomeçam, numa dessas o jogo de víspora não acontece. Alípio aproveita da situação para investir no seu desejo. Depois de algum tempo de prosa, com intensos elogios, deixando-a envergonhada o promotor tenta abraça-la, mas ela resiste. Alípio retoma seu intento com palavras maviosas e Bilinha acaba por ceder e se deixa beijar pelo conquistador. A cena só é interrompida com a chegada de Chico Herculano, que, com sua presença repentina, deixou o casal desajeitado.Algum tempo depois da acontecência, Alípio adoece gravemente da garganta. Asclepíades, acreditando no “dedo” da providência, toma para si e para sua esposa os cuidados com o Bacharel. Após cinco dias de febre, o enfermo melhora. Pinheiro (um tipo de médico sem “canudo”) sugere que o promotor vá respirar novos ares, se a febre não retornar. Asclepíades, com o consentimento do Padre Balbino, leva-o para Varjota. Na fazenda, a febre volta a acometê-lo. Pinheiro é chamado outra vez. Alípio melhora e recebe a visita dos amigos, entre eles, Casimiro, que, ao ser indagado pelo amigo sobre a professora, responde que a mesma anda recebendo visitas de Florêncio, moço de Pernambuco. Alípio é assomado pelo ciúme.Passam-se os dias, numa manhã, ao voltar de uma caçada, o bacharel fica a olhar Florzinha e Luisinha a tomarem banho nuas no riacho. Ele se espanta com tamanha perfeição e beleza física de Florzinha. A partir desse momento, percebe-se que Alípio muda sua opinião sobre a moça, chegando a confidenciar a Luisinha que pediria Florzinha em casamento.Alípio retorna a Ipuçaba, sabe através de Casimiro que a professora é visitada todas as noites por Florêncio. O promotor pediu-lhe que o ajude, fazendo com Florêncio não fosse visitar Bilinha aquela noite para que Alípio pudesse conversar a sós com a professora.Casimiro assim o faz. Já no da conversa Bilinha chora, demonstrando seu afeto pelo promotor. Este reclama por ela não ter ao menos se preocupado com sua saúde. Bilinha retruca e afirma que passou noites em branco preocupada com o bacharel. Alípio pediu-lhe perdão e Bilinha, ainda chorando, pediu a Alípio um favor: arranjar uma transferência para outra cidade. Alípio concorda.O tempo passa e Alípio trata de distanciar Florêncio de Bilinha. Dizendo primeiro a Casimiro para que este transmitisse a Florêncio que Bilinha era viúva. Ainda perdura uma indecisão por parte de Alípio com relação às duas moças.A professora envia um recado a Alípio, pedindo a presença do mesmo em sua casa. Queria declarar o seu amor ao promotor. Espera inutilmente. Dominada pelo ódio, devido à ausência de Alípio, ela aceita o pedido de Florêncio. Este tratou de espalhar nos quatro cantos da cidade que Bilinha lhe dissera “sim”. Alípio, diante da afronta, noiva com Florzinha. Pouco depois, Alípio viaja para a capital, onde já se encontrava a professora. Florzinha, enciumada, fica a esperar o noivo. Este he manda notícias cada vez mais desanimadoras. Os dias se sucedem e Florzinha continua esperando. É evidente na narrativa a analogia entre os amantes (Bilinha e Alípio) e as aves de arribação. Os dois foram em busca de terras mais propícias. Enquanto Florzinha esperava, esperava, esperava...
ELEMENTOS DA NARRATIVA
Narrador: A estória é narrada com um narrador heterodiegético, ou seja, narrador-observador ou em 3ª pessoa.
Tempo:
A narrativa se desenrola durante as duas últimas décadas do século XIX.
Personagens:
Protagonistas: Alípio Flávio de Campos; Bilinha; Florzinha.Secundários: Padre Serrão; João Ferreira; Major José Herculano; Chico Herculano; Asclepíades; Casimiro; Padre Balbino; Dona Claudina; Venâncio; Benvinda; Luisinha; Cazuza; Matias; Florêncio; Zé Pipoca.


Fonte: Trabalho de pesquisa realizado pelo Professor Antonio Ortiz e publicado no Blog:

http://comversoeprosa.blogspot.com/2008/09/resumo-aves-de-arribao.html

1 Comentários:

  • Às 27 de outubro de 2012 às 09:57 , Blogger Fute Manto disse...

    Belíssimo trabalho sobre a obra, para quem pretende ler e conhecer essa obra de um autor cearense essa síntese nos motiva ainda mais. meu parabéns professor Antonio Ortiz.

     

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